Atividades de promoção de leitura
A análise dos dados coletados nesta pesquisa entende a promoção da leitura como a principal missão da biblioteca pública brasileira, é em torno dela que os programas e políticas públicas nacionais são construídos . Estes programas contribuem para a constituição e melhoria de acervos e, aliados às iniciativas planejadas e desenvolvidas pelas equipes locais, contribuem para a ativação das coleções através da leitura dramatizada, contação de histórias seguida por debates e oficinas de artes com reconstrução de personagens e fatos, peças de teatro encenadas pela equipe da biblioteca ou grupos externos, contando ainda com oficina de teatro em algumas bibliotecas. Encontros com escritores, feiras de livro e exposições também integram o conjunto de ações promovido pelas bibliotecas com objetivo de estimular a leitura entre crianças e jovens.
A prioridade dada a essa área pode ser justificada pelo histórico de baixos índices de alfabetismo no país. A figura a seguir apresenta as taxas de alfabetização da população com 15 anos ou mais entre os anos de 1950 e 2000 (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 2004). O crescimento dos alfabetizados foi contínuo, partindo de 49% em 1950 para 86% em 2000.
A prioridade dada a essa área pode ser justificada pelo histórico de baixos índices de alfabetismo no país. A figura a seguir apresenta as taxas de alfabetização da população com 15 anos ou mais entre os anos de 1950 e 2000 (MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 2004). O crescimento dos alfabetizados foi contínuo, partindo de 49% em 1950 para 86% em 2000.
Considerando que a leitura e o uso da informação sejam habilidades importantes para o desenvolvimento socioeconômico, buscou-se indicadores para analisar também o nível de alfabetização da população brasileira. Desde 2001 o Instituto Paulo Montenegro aponta o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional, o INAF Brasil[1]. Os resultados dos últimos 10 anos mostram melhorias nos níveis de alfabetismo da população, mas estas melhorias não estão acontecendo na medida ou velocidade desejada. A população brasileira apresentou progressos na transição do analfabetismo absoluto ou da alfabetização rudimentar para um nível básico de habilidades de leitura e matemática. Por outro lado, durante os 10 anos monitorados, pouco mais de ¼ da população atingiu um nível pleno de habilidades, ou seja o nível esperado ao completar o ensino fundamental.
Tabela abaixo, extraída do website do INAF[2] apresenta a evolução dos níveis de alfabetismo (analfabeto, nível rudimentar, básico e pleno) e também uma classificação sintética que opõe o analfabetismo funcional (analfabeto absoluto e alfabetização rudimentar) à alfabetização funcional (níveis básico e pleno de habilidades).
Tabela abaixo, extraída do website do INAF[2] apresenta a evolução dos níveis de alfabetismo (analfabeto, nível rudimentar, básico e pleno) e também uma classificação sintética que opõe o analfabetismo funcional (analfabeto absoluto e alfabetização rudimentar) à alfabetização funcional (níveis básico e pleno de habilidades).
Os conceitos do INAF baseiam-se na visão da UNESCO que sugeriu a adoção dos conceitos de analfabetismo e alfabetismo funcional. É considerada alfabetizada funcionalmente a pessoa capaz de utilizar a leitura e escrita e habilidades matemáticas para fazer frente às demandas de seu contexto social e utilizá-las para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida. Para o INAF os níveis de alfabetismo funcional são:
· Analfabeto - Corresponde à condição dos que não conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler números familiares (números de telefone, preços etc.);
· Rudimentar - Corresponde à capacidade de localizar uma informação explícita em textos curtos e familiares (como um anúncio ou pequena carta), ler e escrever números usuais e realizar operações simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas quantias ou fazer medidas de comprimento usando a fita métrica;
· Básico - As pessoas classificadas neste nível podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, pois já leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo que seja necessário realizar pequenas inferências, leem números na casa dos milhões, resolvem problemas envolvendo uma sequência simples de operações e têm noção de proporcionalidade. Mostram, no entanto, limitações quando as operações requeridas envolvem maior número de elementos, etapas ou relações; e
· Pleno - Classificadas neste nível estão as pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para compreender e interpretar textos em situações usuais: lêem textos mais longos, analisando e relacionando suas partes, comparam e avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses. Quanto à matemática, resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas de dupla entrada, mapas e gráficos.
O desenvolvimento da habilidade de leitura é compreendido como importante não apenas pelo seu papel educacional, mas também pela sua função cultural. A Coordenadoria de Bibliotecas de São Paulo entende que a programação cultural da biblioteca visa a aprimoração das relações humanas pela mediação de leitura.
Na década de 90 importantes mudanças aconteceram no cenário das bibliotecas públicas brasileiras. A pesquisa escolar, principal motivo de visita a biblioteca na época, foi reduzida pela distribuição de livros (Ministério da Educação), fortalecimento das Bibliotecas Escolares e chegada da Internet que vem penetrando de maneira crescente na vida dos brasileiros. A biblioteca pública brasileira viu-se desafiada a se reinventar, as novas propostas apontam para transformação da biblioteca em lugar agradável de leitura, onde usuários de várias idades sintam-se bem-vindos e consigam usá-lo para lazer estudo ou trabalho bem como participar de programações culturais e de incentivo ao gosto pela leitura ( MONTEIRO, 2013).
Desenvolver a habilidade de leitura é um passo fundamental para garantir o acesso a informação e ao conhecimento, a arte e ao lazer como elementos para melhoria da qualidade de vida. Maria Zenita Monteiro[1], coordenadora do sistema municipal de bibliotecas de São Paulo afirma que neste sentido não há contraposição entre informação e leitura, pois a literatura é disparadora de novos modos de pensar e reinventar sua existência. A leitura literária é fundamental para inquietar o sujeitos para criticar e repensar o seu meio e seus processos, e como tal muito importante para disparar ações de cidadania e empreendedorismo. Ao conhecer outros mundos, personagens, sociedades e situações de vida, o leitor pensa novas possibilidades para sua existência.
“cada vez é mais claro que não se pode pensar em uma Sociedade da Informação sem uma Sociedade Leitora e que é precisamente a leitura a prática cultural que permite aos cidadãos transformarem a informação em conhecimento, a chave dessa nova sociedade.”.[2]
HERNANDES, 2005 apud MONTEIRO, 2013
O Ministério da Cultura desenvolve programas de estímulo a leitura que vão além das bibliotecas públicas. O Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER) [3], é um projeto de valorização social da leitura e da escrita vinculado à Fundação Biblioteca Nacional e ao Ministério da Cultura. Através de seus comitês, organizados em cidades brasileiras, vem se firmando como presença política atuante, comprometida com a democratização do acesso à leitura.
As diretrizes da política pública voltada à leitura e ao livro no Brasil são definidas no Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) [4] e buscam formar uma sociedade leitora como condição para promover a inclusão social de milhões de brasileiros no que diz respeito a bens, serviços e cultura. O PNLL é constituído por projetos e programas que integram 18 Linhas de Ação agrupadas em quatro eixos com objetivo de nortear políticas, programas, projetos e ações continuadas desenvolvidos pelos ministérios da cultura e da educação, no âmbito dos estados e municípios governos estaduais e municipais, empresas públicas e privadas, organizações da sociedade e de voluntários em geral.
Entre as ações promovidas pelo governo federal para apoiar as bibliotecas públicas destacam-se programas para distribuição de kits de ampliação e atualização de acervo; ações para aquisição de livros de baixo custo e programas de modernização das bibliotecas (acervo, computadores e mobiliários).
Como parte da iniciativa de eliminar a existência de municípios sem bibliotecas, o Ministério da Cultura restringiu qualquer investimento deste ministério em municípios que não possuam pelo menos uma biblioteca pública. Os Governo Estaduais por sua vez, apoiam os municípios formações gratuitas para as equipes das bibliotecas dos municípios, além de projetos que viabilizam ações pontuais como a visita de autores à bibliotecas. Em alguns casos o governo estadual opera as bibliotecas de municípios que não conseguem sustenta-las com autonomia.
A grande maioria dos serviços oferecidos nas bibliotecas são planejados e implementados pelas equipes das bibliotecas. Na biblioteca de Piracicaba (SP) por exemplo, o setor infantil oferece visita monitorada a grupos de alunos de escolas, quando o acervo e as exposições são apresentados às crianças, que também vão ao anfiteatro, passam pela hora do conto ou assistem teatro. Na Biblioteca de Piracicaba (SP) visitas escolares acontecem todos os dias nos turnos da manha e tarde, sendo que algumas vezes duas ou três turmas visitam a biblioteca ao mesmo tempo.
A biblioteca pública Thales de Azevedo, Salvador (BA) desenvolve oficinas literárias de incentivo a leitura, com contação de história seguida por trabalho onde a criança interprete a história que escutou e crie pintura (pinta os personagens da historia) ou faz o personagem com massinha de modelar, ou ainda usa fantoche de dedos. Existem temas mensais ou sazonais como O Índio, o descobrimento do Brasil e outros que variam de acordo com o calendário. Este exemplo da Biblioteca Thales de Azevedo caracteriza o conjunto de atividades encontrado com mais frequência nas bibliotecas visitadas.
Já na biblioteca Infanto Juvenil Monteiro Lobato, em Salvador, as oficinas de formação em teatro são o ponto alto das atividades de estímulo a leitura. A biblioteca conta com duas funcionárias formadas em teatro, uma trabalha com crianças e outras com adolescentes. Elas coordenam cursos de teatro certificados pela biblioteca. Nesta biblioteca a oficina preferida dos adolescentes é a grafiteira , ou formação em grafite; a oficina trabalha a visão crítica dos participantes e envolve todo um processo de ler livros e conhecer arte para que estes jovens entendam determinados pintores e o porquê de não pichar. Outras atividades como recital de poesia, de teatro de fantoches.
Na Biblioteca da Floresta, localizada em Rio Branco (AC) a leitura é estimulada a partir de atividades que sediam encontros de grupos de estudo e práticas em várias áreas como filosofia, história, cinema, fotografia, grafite, entre outros.
Outras evidências de atividades de promoção de leitura para o público infantil estão descritas na seção 4.2.1 deste documento.
· Analfabeto - Corresponde à condição dos que não conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler números familiares (números de telefone, preços etc.);
· Rudimentar - Corresponde à capacidade de localizar uma informação explícita em textos curtos e familiares (como um anúncio ou pequena carta), ler e escrever números usuais e realizar operações simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas quantias ou fazer medidas de comprimento usando a fita métrica;
· Básico - As pessoas classificadas neste nível podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, pois já leem e compreendem textos de média extensão, localizam informações mesmo que seja necessário realizar pequenas inferências, leem números na casa dos milhões, resolvem problemas envolvendo uma sequência simples de operações e têm noção de proporcionalidade. Mostram, no entanto, limitações quando as operações requeridas envolvem maior número de elementos, etapas ou relações; e
· Pleno - Classificadas neste nível estão as pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para compreender e interpretar textos em situações usuais: lêem textos mais longos, analisando e relacionando suas partes, comparam e avaliam informações, distinguem fato de opinião, realizam inferências e sínteses. Quanto à matemática, resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas de dupla entrada, mapas e gráficos.
O desenvolvimento da habilidade de leitura é compreendido como importante não apenas pelo seu papel educacional, mas também pela sua função cultural. A Coordenadoria de Bibliotecas de São Paulo entende que a programação cultural da biblioteca visa a aprimoração das relações humanas pela mediação de leitura.
Na década de 90 importantes mudanças aconteceram no cenário das bibliotecas públicas brasileiras. A pesquisa escolar, principal motivo de visita a biblioteca na época, foi reduzida pela distribuição de livros (Ministério da Educação), fortalecimento das Bibliotecas Escolares e chegada da Internet que vem penetrando de maneira crescente na vida dos brasileiros. A biblioteca pública brasileira viu-se desafiada a se reinventar, as novas propostas apontam para transformação da biblioteca em lugar agradável de leitura, onde usuários de várias idades sintam-se bem-vindos e consigam usá-lo para lazer estudo ou trabalho bem como participar de programações culturais e de incentivo ao gosto pela leitura ( MONTEIRO, 2013).
Desenvolver a habilidade de leitura é um passo fundamental para garantir o acesso a informação e ao conhecimento, a arte e ao lazer como elementos para melhoria da qualidade de vida. Maria Zenita Monteiro[1], coordenadora do sistema municipal de bibliotecas de São Paulo afirma que neste sentido não há contraposição entre informação e leitura, pois a literatura é disparadora de novos modos de pensar e reinventar sua existência. A leitura literária é fundamental para inquietar o sujeitos para criticar e repensar o seu meio e seus processos, e como tal muito importante para disparar ações de cidadania e empreendedorismo. Ao conhecer outros mundos, personagens, sociedades e situações de vida, o leitor pensa novas possibilidades para sua existência.
“cada vez é mais claro que não se pode pensar em uma Sociedade da Informação sem uma Sociedade Leitora e que é precisamente a leitura a prática cultural que permite aos cidadãos transformarem a informação em conhecimento, a chave dessa nova sociedade.”.[2]
HERNANDES, 2005 apud MONTEIRO, 2013
O Ministério da Cultura desenvolve programas de estímulo a leitura que vão além das bibliotecas públicas. O Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER) [3], é um projeto de valorização social da leitura e da escrita vinculado à Fundação Biblioteca Nacional e ao Ministério da Cultura. Através de seus comitês, organizados em cidades brasileiras, vem se firmando como presença política atuante, comprometida com a democratização do acesso à leitura.
As diretrizes da política pública voltada à leitura e ao livro no Brasil são definidas no Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) [4] e buscam formar uma sociedade leitora como condição para promover a inclusão social de milhões de brasileiros no que diz respeito a bens, serviços e cultura. O PNLL é constituído por projetos e programas que integram 18 Linhas de Ação agrupadas em quatro eixos com objetivo de nortear políticas, programas, projetos e ações continuadas desenvolvidos pelos ministérios da cultura e da educação, no âmbito dos estados e municípios governos estaduais e municipais, empresas públicas e privadas, organizações da sociedade e de voluntários em geral.
Entre as ações promovidas pelo governo federal para apoiar as bibliotecas públicas destacam-se programas para distribuição de kits de ampliação e atualização de acervo; ações para aquisição de livros de baixo custo e programas de modernização das bibliotecas (acervo, computadores e mobiliários).
Como parte da iniciativa de eliminar a existência de municípios sem bibliotecas, o Ministério da Cultura restringiu qualquer investimento deste ministério em municípios que não possuam pelo menos uma biblioteca pública. Os Governo Estaduais por sua vez, apoiam os municípios formações gratuitas para as equipes das bibliotecas dos municípios, além de projetos que viabilizam ações pontuais como a visita de autores à bibliotecas. Em alguns casos o governo estadual opera as bibliotecas de municípios que não conseguem sustenta-las com autonomia.
A grande maioria dos serviços oferecidos nas bibliotecas são planejados e implementados pelas equipes das bibliotecas. Na biblioteca de Piracicaba (SP) por exemplo, o setor infantil oferece visita monitorada a grupos de alunos de escolas, quando o acervo e as exposições são apresentados às crianças, que também vão ao anfiteatro, passam pela hora do conto ou assistem teatro. Na Biblioteca de Piracicaba (SP) visitas escolares acontecem todos os dias nos turnos da manha e tarde, sendo que algumas vezes duas ou três turmas visitam a biblioteca ao mesmo tempo.
A biblioteca pública Thales de Azevedo, Salvador (BA) desenvolve oficinas literárias de incentivo a leitura, com contação de história seguida por trabalho onde a criança interprete a história que escutou e crie pintura (pinta os personagens da historia) ou faz o personagem com massinha de modelar, ou ainda usa fantoche de dedos. Existem temas mensais ou sazonais como O Índio, o descobrimento do Brasil e outros que variam de acordo com o calendário. Este exemplo da Biblioteca Thales de Azevedo caracteriza o conjunto de atividades encontrado com mais frequência nas bibliotecas visitadas.
Já na biblioteca Infanto Juvenil Monteiro Lobato, em Salvador, as oficinas de formação em teatro são o ponto alto das atividades de estímulo a leitura. A biblioteca conta com duas funcionárias formadas em teatro, uma trabalha com crianças e outras com adolescentes. Elas coordenam cursos de teatro certificados pela biblioteca. Nesta biblioteca a oficina preferida dos adolescentes é a grafiteira , ou formação em grafite; a oficina trabalha a visão crítica dos participantes e envolve todo um processo de ler livros e conhecer arte para que estes jovens entendam determinados pintores e o porquê de não pichar. Outras atividades como recital de poesia, de teatro de fantoches.
Na Biblioteca da Floresta, localizada em Rio Branco (AC) a leitura é estimulada a partir de atividades que sediam encontros de grupos de estudo e práticas em várias áreas como filosofia, história, cinema, fotografia, grafite, entre outros.
Outras evidências de atividades de promoção de leitura para o público infantil estão descritas na seção 4.2.1 deste documento.